INTRODUÇÃO AOS JOGOS LÚDICOS
O
jogo é uma atividade espontânea, livre, desinibida, desinteressada e
gratuita, pela qual a criança se manifesta, sem barreiras e inibições,
tal qual é. Podemos dizer que o jogo é a atividade, o "trabalho" próprio
da criança.
Cada vez mais devemos respeitar a criança no seu
modo peculiar de "ser criança", sem tentarmos transformá-la num "adulto
em miniatura", pois estaríamos indo decididamente contra a natureza e o
direito que ela tem de manifestar-se e agir conforme é.
Neste
conceito de respeito pelo "ser criança", inclui-se o respeito pelo
direito de brincar e jogar. Este é, aliás, um dos artigos da Declaração
Universal dos Direitos da Criança: "A criança terá direito à
alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequada". "A
criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se".
Através
do jogo e da brincadeira, a criança satisfaz algumas de suas
necessidades mais básicas, tanto no campo físico como no psíquico e
social.
O próprio fato de estar em fase de crescimento faz com
que a criança se sinta impelida ao exercício físico. O jogo, por sua
vez, exercita de maneira muito variada todas as possibilidades físicas
da criança: resistência física, respiração, força muscular,
flexibilidade das articulações, habilidades variadas, agudez de
intuição, rapidez mental, agilidade, precisão de gestos, coordenação de
reflexos, equilíbrio, etc. Pode-se objetar que a ginástica também tem
esses efeitos. Sem dúvida. A diferença está em que o jogo interessa à
criança, enquanto a ginástica é vista como uma obrigação a ser cumprida.
Nem
sempre a criança tem possibilidade de se expressar com liberdade e
espontaneidade em família ou na escola. Será no jogo que a criança irá
se manifestar ela mesma, sem inibições e sem censuras. Quanto maior
liberdade de expressão a criança tiver, mais ela se desenvolverá
psiquicamente sadia. Muitas inibições curam-se com o jogo. No momento de
brincar, a criança sente-se feliz e não se preocupa com o que está ao
seu redor.
Sabemos que a partir dos 3 anos, a criança
necessita de um grupo. Essa necessidade irá aumentando sempre mais no
decorrer da infância, adolescência e juventude, até desabrochar no
convívio social do adulto, para quem os contatos são de extrema
necessidade.
O grupo social em que vive cada pessoa tem suas leis e seus regulamentos. Confere a cada participante certos direitos, mas impõe também certos deveres.
O grupo social em que vive cada pessoa tem suas leis e seus regulamentos. Confere a cada participante certos direitos, mas impõe também certos deveres.
A descoberta e integração no
grupo social chama-se socialização. É um processo que se desenvolve aos
poucos, gradualmente. Com passos lentos, a criança percebe que existem
outros ao seu redor, que o mundo não é só dela, que existem certas
coisas que ela deve respeitar e outras que deve fazer.
Através
do jogo, podemos criar todas as situações do processo de socialização e
ajudar a criança na convivência com seu grupo de colegas. É um
aprendizado suave, divertido e que lhe proporciona constante alegria. No
jogo aprende-se a colaborar, a repartir, a observar um regulamento, a
ceder o individual para que o grupo vença: aprende-se a vencer e a
perder.
Quando observamos um grupo de crianças jogando,
brincando, percebemos como são felizes. Vivem o mundo idealizado por
elas, esquecendo-se de tudo e de todos. Os indiferentes aos poucos se
aproximam, os agressivos aprendem a controlar-se, os mandões
transformam-se em líderes, os egoístas repartem. Na convivência com o
grupo que joga, vai se afirmando uma personalidade equilibrada e sadia.
Podemos sintetizar alguns dos valores do jogo da seguinte maneira:
— é fonte sadia de realização e diversão;
— é maneira de desenvolver-se fisicamente;
— é estímulo ao progresso, ao desenvolvimento da personalidade;
— é aprendizado para vida em sociedade;
_ é descoberta de capacidades e limites;
—é meio de cura para traumas e complexos;
— é descoberta do valor da pessoa humana;
— é respeito pelo ser da criança.
Para
que o jogo alcance o objetivo de dar prazer e alegria à criança,
requer-se, como condição indispensável, que haja total liberdade de
participação. Não devemos jamais obrigar uma criança a brincar.
Após
estas considerações iniciais sobre o jogo, como elemento indispensável
na vida da criança, vejamos agora algumas de suas características: O
jogo não é utilitário, isto é, não é um trabalho, apesar da criança
empenhar nele todas as suas energias; não lhe interessa o resultado do
jogo, mas o fato de jogar.
— O jogo é gratuito. A finalidade
do jogo é a alegria de jogar, e por isso mesmo devemos abolir o sistema
de premiar os vencedores. O maior prêmio para a criança é ela poder
brincar.
— O jogo é escolhido livremente. Quanto mais houver
participação na escolha do jogo, mais a criança se interessará na sua
realização.
— O jogo sempre lhe traz prazer mesmo que ela caia
e se machuque. O prazer de superar obstáculos e vencer dificuldades é
maior que qualquer recompensa.
— O jogo é um meio da criança superar suas tensões, portanto é um descanso, mesmo quando implica em desgaste físico ou mental.
— O jogo é sempre um motivo de alegria, pois a criança coloca nele toda a sua personalidade.
-
O jogo é uma atividade vital para a criança. E poderíamos dizer o
"trabalho próprio da criança", o de que ela mais necessita e gosta de
fazer.
— O jogo é fator de equilíbrio para a criança, pois ela
o escolhe não por refletir e compensar algo que lhe falta, mas num
impulso para o que lhe dá a maior alegria.
Devemos ter presente, quando vamos brincar com as crianças:
— A idade das crianças para escolher os jogos adequados.
Dos
3 aos 7 anos é a fase das proezas e imitações. Subir uma escada de
costas, jogar uma pedrinha em tal lugar, saltar com um pé só, são
algumas das proezas que as crianças, a partir dos 3 anos, inventam e
realizam. Ao mesmo tempo começam a imitar os pais nos trabalhos: varrer a
casa, falar ao telefone, lavar a louça, bater com o martelo, etc.
Imitam também os animais e as máquinas. A criança está na fase das
tabulações, onde tudo é possível: é um avião, um índio, uma fada, um
animalzinho de estimação. É importante, nesta fase, não caçoar da
criança que tenta imitar seus pais, pois correríamos o risco de fazer
com que ela deteste certas atividades.
Aos 7, 8 e 9 anos, a
criança procura jogos em que possa auto-afirmar-se. Assim "comanda" os
coleginhas, irmãos ou primos menores: é a professora, o padre, o
comandante do batalhão, a mãe, o pai. Exige obediência e disciplina dos
seus "comandados".
Dos 10 aos 13 anos, a criança está no auge
da fase do jogo social. Atinge o estágio do jogo cooperativo, onde o
esforço é coletivo e cada um tem sua função determinada. Neste período,
as regras do jogo devem ser muito claras e observadas à risca. A criança
está formando em si o sentido da lei moral, por isso exige clareza e
observância, também no jogo.
A partir dos 14 anos, quando
entra na pré-adolescência, os interesses dos meninos e meninas se
diversificam. O jogo já é encarado como esporte, como competição, ou
então é simplesmente deixado de lado ou, ainda, utilizado apenas como
distensão.
Além de sabermos escolher os jogos para cada idade da criança, devemos também levar em conta:
—
O lugar em que se realizará o jogo: se ao ar livre ou em sala fechada.
Campo, jardim, mata, etc. Para cada local, o jogo apropriado.
— O tempo: chuvoso, muito frio, sol, sombra, etc. Cada circunstância exige um jogo diferente.
— O solo onde se realizará o jogo: terra, grama, lama, asfalto, sala encerada, ladrilhos, etc.
—
O material a ser utilizado: cada jogo traz a indicação do material. A
maior parte do material é fácil de se encontrar ou fabricar. Devemos
prever sempre o que vamos utilizar e providenciar com antecedência.
Nunca improvisemos.
— A duração do jogo: se for um recreio
curto, escolher jogos que possam ser concluídos em pouco tempo. Se forem
horas ou uma tarde toda, intercalar jogos que exigem mais energias com
jogos mais calmos, jogos longos com jogos mais curtos, etc.
— O
número de crianças: às vezes é preferível dividir o grupo, do que
tentar realizar com 50 crianças um jogo que será bem realizado apenas
com 20.
— A roupa das crianças: estas devem se sentir à
vontade para brincar, sem preocupação de que não podem sujar-se por
causa das roupas. Quando for muito frio, convém que elas estejam bem
agasalhadas, ou ao contrário, quando faz calor, que estejam com roupas
leves.
Para que o jogo se realize a contento, deve ser muito
bem explicado. Para isso é necessário que o dirigente conheça o jogo e
as regras com clareza, e as exponha de maneira que todos os
participantes entendam. A linguagem deve ser simples, clara, precisa e
breve. Não "enfeitar" o jogo ou colocar mais regras do que há na
realidade.
Para conseguir explicar um jogo, é indispensável
que os participantes façam silêncio, e às vezes é difícil conseguir
silêncio de uma turma que está entusiasmada. Cada um tem seu jeito
próprio de conseguir silêncio. Uma coisa é certa: ninguém consegue
silenciar um grupo falando mais alto que o próprio grupo.
Devemos
também ser breves nas explicações, pois a criança não consegue prestar
atenção por muito tempo. E para sermos breves, devemos fazer uma
exposição clara e ordenada do jogo. Dificilmente seremos compreendidos
se iniciarmos a explicação do fim para o começo. Devemos falar
lentamente, sem atropelos. Utilizarmo-nos na explicação, de gestos que
correspondam ao que estamos dizendo, por exemplo: se falamos lado
direito e esquerdo, as crianças que estão de frente para nós se
atrapalharão, se não indicarmos com gestos onde está a direita ou a
esquerda.
Sempre que possível, façamos um diagrama ou esquema
do jogo com uma varinha ou giz, conforme o "terreno do jogo", para que
as crianças visualizem. Utilizar, para significar os jogadores, pequenas
pedras ou sementes.
Descobrir os participantes que entendem
logo o jogo e fazê-los demonstrar para os colegas como este se processa.
Eles sentir-se-ão valorizados e, assim, não perturbarão os que ainda
não entenderam.
Certificar-se de que todos entenderam as
regras e o desenrolar-se do jogo, e para isso é interessante realizar
uma partida de experiência, onde se afirmarão as regras e os movimentos.
Não podemos esquecer de:
— Marcar os limites do campo, os piques, os percursos.
—
Dividir os partidos e as respectivas denominações. É estimulante para a
criança dizer, em vez de Partido A e B, um nome fantasioso, por
exemplo: "Partido dos Tupis" e "Partido dos Guaranis" e outras
denominações.
— Diferenciar um partido do outro, colocando uma braçadeira, um lenço ou uma faixa colorida a tiracolo.
— Fixar a duração do jogo, ou a quantidade de pontos que se deve obter para considerar partida ganha.
— Estabelecer os sinais de arbitragem.
— Deixar bem claro o que não é permitido fazer, como por exemplo: dois colegas atacarem um adversário só.
— Deixar bem claro, também, o objetivo do jogo. Por exemplo: aprisionar os adversários, arremessar a bola no pique, etc.
O
sucesso de um jogo depende muito do organizador ou líder. Quando esse
sabe cativar as crianças e, sobretudo, ser uma criança entre as outras,
certamente o jogo se desenvolverá de maneira satisfatória. O líder deve
saber manter disciplina sem imposição, e ordem sem repressão. As
crianças devem sentir-se plenamente livres diante do líder, sem
inibições ou medos.
Lembremo-nos sempre de que o jogo é
importantíssimo para a criança. Não sejamos nós a impor os jogos, mas
demos ampla oportunidade para que a criança escolha suas brincadeiras.
Fonte: Pastoral dos coroinhas.
INTRODUÇÃO AOS JOGOS LÚDICOS
O
jogo é uma atividade espontânea, livre, desinibida, desinteressada e
gratuita, pela qual a criança se manifesta, sem barreiras e inibições,
tal qual é. Podemos dizer que o jogo é a atividade, o "trabalho" próprio
da criança.
Cada vez mais devemos respeitar a criança no seu
modo peculiar de "ser criança", sem tentarmos transformá-la num "adulto
em miniatura", pois estaríamos indo decididamente contra a natureza e o
direito que ela tem de manifestar-se e agir conforme é.
Neste
conceito de respeito pelo "ser criança", inclui-se o respeito pelo
direito de brincar e jogar. Este é, aliás, um dos artigos da Declaração
Universal dos Direitos da Criança: "A criança terá direito à
alimentação, habitação, recreação e assistência médica adequada". "A
criança terá ampla oportunidade para brincar e divertir-se".
Através
do jogo e da brincadeira, a criança satisfaz algumas de suas
necessidades mais básicas, tanto no campo físico como no psíquico e
social.
O próprio fato de estar em fase de crescimento faz com
que a criança se sinta impelida ao exercício físico. O jogo, por sua
vez, exercita de maneira muito variada todas as possibilidades físicas
da criança: resistência física, respiração, força muscular,
flexibilidade das articulações, habilidades variadas, agudez de
intuição, rapidez mental, agilidade, precisão de gestos, coordenação de
reflexos, equilíbrio, etc. Pode-se objetar que a ginástica também tem
esses efeitos. Sem dúvida. A diferença está em que o jogo interessa à
criança, enquanto a ginástica é vista como uma obrigação a ser cumprida.
Nem
sempre a criança tem possibilidade de se expressar com liberdade e
espontaneidade em família ou na escola. Será no jogo que a criança irá
se manifestar ela mesma, sem inibições e sem censuras. Quanto maior
liberdade de expressão a criança tiver, mais ela se desenvolverá
psiquicamente sadia. Muitas inibições curam-se com o jogo. No momento de
brincar, a criança sente-se feliz e não se preocupa com o que está ao
seu redor.
Sabemos que a partir dos 3 anos, a criança
necessita de um grupo. Essa necessidade irá aumentando sempre mais no
decorrer da infância, adolescência e juventude, até desabrochar no
convívio social do adulto, para quem os contatos são de extrema
necessidade.
O grupo social em que vive cada pessoa tem suas leis e seus regulamentos. Confere a cada participante certos direitos, mas impõe também certos deveres.
O grupo social em que vive cada pessoa tem suas leis e seus regulamentos. Confere a cada participante certos direitos, mas impõe também certos deveres.
A descoberta e integração no
grupo social chama-se socialização. É um processo que se desenvolve aos
poucos, gradualmente. Com passos lentos, a criança percebe que existem
outros ao seu redor, que o mundo não é só dela, que existem certas
coisas que ela deve respeitar e outras que deve fazer.
Através
do jogo, podemos criar todas as situações do processo de socialização e
ajudar a criança na convivência com seu grupo de colegas. É um
aprendizado suave, divertido e que lhe proporciona constante alegria. No
jogo aprende-se a colaborar, a repartir, a observar um regulamento, a
ceder o individual para que o grupo vença: aprende-se a vencer e a
perder.
Quando observamos um grupo de crianças jogando,
brincando, percebemos como são felizes. Vivem o mundo idealizado por
elas, esquecendo-se de tudo e de todos. Os indiferentes aos poucos se
aproximam, os agressivos aprendem a controlar-se, os mandões
transformam-se em líderes, os egoístas repartem. Na convivência com o
grupo que joga, vai se afirmando uma personalidade equilibrada e sadia.
Podemos sintetizar alguns dos valores do jogo da seguinte maneira:
— é fonte sadia de realização e diversão;
— é maneira de desenvolver-se fisicamente;
— é estímulo ao progresso, ao desenvolvimento da personalidade;
— é aprendizado para vida em sociedade;
_ é descoberta de capacidades e limites;
—é meio de cura para traumas e complexos;
— é descoberta do valor da pessoa humana;
— é respeito pelo ser da criança.
Para
que o jogo alcance o objetivo de dar prazer e alegria à criança,
requer-se, como condição indispensável, que haja total liberdade de
participação. Não devemos jamais obrigar uma criança a brincar.
Após
estas considerações iniciais sobre o jogo, como elemento indispensável
na vida da criança, vejamos agora algumas de suas características: O
jogo não é utilitário, isto é, não é um trabalho, apesar da criança
empenhar nele todas as suas energias; não lhe interessa o resultado do
jogo, mas o fato de jogar.
— O jogo é gratuito. A finalidade
do jogo é a alegria de jogar, e por isso mesmo devemos abolir o sistema
de premiar os vencedores. O maior prêmio para a criança é ela poder
brincar.
— O jogo é escolhido livremente. Quanto mais houver
participação na escolha do jogo, mais a criança se interessará na sua
realização.
— O jogo sempre lhe traz prazer mesmo que ela caia
e se machuque. O prazer de superar obstáculos e vencer dificuldades é
maior que qualquer recompensa.
— O jogo é um meio da criança superar suas tensões, portanto é um descanso, mesmo quando implica em desgaste físico ou mental.
— O jogo é sempre um motivo de alegria, pois a criança coloca nele toda a sua personalidade.
-
O jogo é uma atividade vital para a criança. E poderíamos dizer o
"trabalho próprio da criança", o de que ela mais necessita e gosta de
fazer.
— O jogo é fator de equilíbrio para a criança, pois ela
o escolhe não por refletir e compensar algo que lhe falta, mas num
impulso para o que lhe dá a maior alegria.
Devemos ter presente, quando vamos brincar com as crianças:
— A idade das crianças para escolher os jogos adequados.
Dos
3 aos 7 anos é a fase das proezas e imitações. Subir uma escada de
costas, jogar uma pedrinha em tal lugar, saltar com um pé só, são
algumas das proezas que as crianças, a partir dos 3 anos, inventam e
realizam. Ao mesmo tempo começam a imitar os pais nos trabalhos: varrer a
casa, falar ao telefone, lavar a louça, bater com o martelo, etc.
Imitam também os animais e as máquinas. A criança está na fase das
tabulações, onde tudo é possível: é um avião, um índio, uma fada, um
animalzinho de estimação. É importante, nesta fase, não caçoar da
criança que tenta imitar seus pais, pois correríamos o risco de fazer
com que ela deteste certas atividades.
Aos 7, 8 e 9 anos, a
criança procura jogos em que possa auto-afirmar-se. Assim "comanda" os
coleginhas, irmãos ou primos menores: é a professora, o padre, o
comandante do batalhão, a mãe, o pai. Exige obediência e disciplina dos
seus "comandados".
Dos 10 aos 13 anos, a criança está no auge
da fase do jogo social. Atinge o estágio do jogo cooperativo, onde o
esforço é coletivo e cada um tem sua função determinada. Neste período,
as regras do jogo devem ser muito claras e observadas à risca. A criança
está formando em si o sentido da lei moral, por isso exige clareza e
observância, também no jogo.
A partir dos 14 anos, quando
entra na pré-adolescência, os interesses dos meninos e meninas se
diversificam. O jogo já é encarado como esporte, como competição, ou
então é simplesmente deixado de lado ou, ainda, utilizado apenas como
distensão.
Além de sabermos escolher os jogos para cada idade da criança, devemos também levar em conta:
—
O lugar em que se realizará o jogo: se ao ar livre ou em sala fechada.
Campo, jardim, mata, etc. Para cada local, o jogo apropriado.
— O tempo: chuvoso, muito frio, sol, sombra, etc. Cada circunstância exige um jogo diferente.
— O solo onde se realizará o jogo: terra, grama, lama, asfalto, sala encerada, ladrilhos, etc.
—
O material a ser utilizado: cada jogo traz a indicação do material. A
maior parte do material é fácil de se encontrar ou fabricar. Devemos
prever sempre o que vamos utilizar e providenciar com antecedência.
Nunca improvisemos.
— A duração do jogo: se for um recreio
curto, escolher jogos que possam ser concluídos em pouco tempo. Se forem
horas ou uma tarde toda, intercalar jogos que exigem mais energias com
jogos mais calmos, jogos longos com jogos mais curtos, etc.
— O
número de crianças: às vezes é preferível dividir o grupo, do que
tentar realizar com 50 crianças um jogo que será bem realizado apenas
com 20.
— A roupa das crianças: estas devem se sentir à
vontade para brincar, sem preocupação de que não podem sujar-se por
causa das roupas. Quando for muito frio, convém que elas estejam bem
agasalhadas, ou ao contrário, quando faz calor, que estejam com roupas
leves.
Para que o jogo se realize a contento, deve ser muito
bem explicado. Para isso é necessário que o dirigente conheça o jogo e
as regras com clareza, e as exponha de maneira que todos os
participantes entendam. A linguagem deve ser simples, clara, precisa e
breve. Não "enfeitar" o jogo ou colocar mais regras do que há na
realidade.
Para conseguir explicar um jogo, é indispensável
que os participantes façam silêncio, e às vezes é difícil conseguir
silêncio de uma turma que está entusiasmada. Cada um tem seu jeito
próprio de conseguir silêncio. Uma coisa é certa: ninguém consegue
silenciar um grupo falando mais alto que o próprio grupo.
Devemos
também ser breves nas explicações, pois a criança não consegue prestar
atenção por muito tempo. E para sermos breves, devemos fazer uma
exposição clara e ordenada do jogo. Dificilmente seremos compreendidos
se iniciarmos a explicação do fim para o começo. Devemos falar
lentamente, sem atropelos. Utilizarmo-nos na explicação, de gestos que
correspondam ao que estamos dizendo, por exemplo: se falamos lado
direito e esquerdo, as crianças que estão de frente para nós se
atrapalharão, se não indicarmos com gestos onde está a direita ou a
esquerda.
Sempre que possível, façamos um diagrama ou esquema
do jogo com uma varinha ou giz, conforme o "terreno do jogo", para que
as crianças visualizem. Utilizar, para significar os jogadores, pequenas
pedras ou sementes.
Descobrir os participantes que entendem
logo o jogo e fazê-los demonstrar para os colegas como este se processa.
Eles sentir-se-ão valorizados e, assim, não perturbarão os que ainda
não entenderam.
Certificar-se de que todos entenderam as
regras e o desenrolar-se do jogo, e para isso é interessante realizar
uma partida de experiência, onde se afirmarão as regras e os movimentos.
Não podemos esquecer de:
— Marcar os limites do campo, os piques, os percursos.
—
Dividir os partidos e as respectivas denominações. É estimulante para a
criança dizer, em vez de Partido A e B, um nome fantasioso, por
exemplo: "Partido dos Tupis" e "Partido dos Guaranis" e outras
denominações.
— Diferenciar um partido do outro, colocando uma braçadeira, um lenço ou uma faixa colorida a tiracolo.
— Fixar a duração do jogo, ou a quantidade de pontos que se deve obter para considerar partida ganha.
— Estabelecer os sinais de arbitragem.
— Deixar bem claro o que não é permitido fazer, como por exemplo: dois colegas atacarem um adversário só.
— Deixar bem claro, também, o objetivo do jogo. Por exemplo: aprisionar os adversários, arremessar a bola no pique, etc.
O
sucesso de um jogo depende muito do organizador ou líder. Quando esse
sabe cativar as crianças e, sobretudo, ser uma criança entre as outras,
certamente o jogo se desenvolverá de maneira satisfatória. O líder deve
saber manter disciplina sem imposição, e ordem sem repressão. As
crianças devem sentir-se plenamente livres diante do líder, sem
inibições ou medos.
Lembremo-nos sempre de que o jogo é
importantíssimo para a criança. Não sejamos nós a impor os jogos, mas
demos ampla oportunidade para que a criança escolha suas brincadeiras.
Fonte: Pastoral dos coroinhas.
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