Textos de Meditação para a Quaresma
Previsão: forma de coragem
Muitas pessoas não têm coragem de prever e se deixam afundar nos
acontecimentos, que as vão tragando na medida em que se apresentam.
Muitas vezes, a pessoa diz: "Eu não quero prever, porque eu não tenho coragem. Se eu vir, eu fujo".
Nosso Redentor chegou ao ponto de não agüentar o que estava diante dele.
Mas não agüentar, em que termos? Ele pediu que não se realizasse
aquilo, mas se Deus-Pai o desejasse, então se cumprisse sua vontade. E à
medida que foi pensando nos acontecimentos futuros, a agonia foi
tomando conta da sua alma. E o sofrimento foi tal que chegou a suar
sangue!
Segundo a Medicina, quando a pessoa está sujeita a pressões terríveis,
certos vasos capilares se rompem e o sangue perpassa pela pele. É
propriamente um suor misturado com sangue. E no auge da dor, o Redentor
praticou um ato de humildade ao exclamar: "Pai, se for possível, afastai de mim este cálice". Como quem diz: "Vós vedes que Eu estou no ponto de não agüentar... mas faça-se a Vossa vontade!"
Assim, o sofrimento do Homem-Deus foi como uma espécie de turbilhão. E
durante esse período já começaram as dores morais. Porquanto os
Apóstolos, sem levar em consideração a tristeza que O tomava, foram
dormir... E Aquele que era o Rei deles, o Divino Salvador deles, que
sofresse como quisesse, eles não se incomodavam.
Auge do tormento: abandono dos Apóstolos
Duas vezes o Divino Mestre foi pedir socorro a seus Apóstolos. E nas
duas vezes, eles acordaram, olharam... O Messias dirigiu-lhes palavras
tocantes, e não se importaram. E Nosso Senhor sentiu-se abandonado até
por seus íntimos.
Era uma dor medonha! Os mais próximos que Ele ia remir, ia salvar,
aqueles!... O Chefe da Igreja, São Pedro, estava ali deitado, não o
atendeu! São Pedro, a quem Ele disse: "Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja"! Como é isso? E São João, o discípulo bem-amado, que durante a última Ceia tinha repousado a cabeça sobre seu peito...
O padecimento então atingiu seu ápice. Começou Ele a sentir, com o abandono dos Apóstolos, algo do tormento da agonia.
A coragem da fidelidade
Será bem exato que, para conservar a Fé, evitamos tudo que a pode pôr em
risco? Evitamos as leituras que a podem ofender? Evitamos as companhias
nas quais ela está exposta a risco? Procuramos os ambientes nos quais a
Fé floresce e cria raízes? Ou, em troca de prazeres mundanos e
passageiros, vivemos em ambientes em que a Fé se estiola e ameça cair em
ruínas?
Todo homem, pelo próprio fato do instinto de sociabilidade, tende a
aceitar as opiniões dos outros. Em geral, hoje em dia, as opiniões
dominantes são anticristãs. Pensa-se contrariamente à Igreja em matéria
de Filosofia, de Sociologia, de História, de Ciências, de arte, de tudo
enfim. Os nossos amigos seguem a corrente. Temos nós a coragem de
divergir? Resguardamos nosso espírito de qualquer infiltração de idéias
erradas? Pensamos com a Igreja em tudo e por tudo? Ou contentamo-nos
negligentemente em ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do
século nos inculca, e simplesmente porque ele no-lo inculca?
É possível que não tenhamos enxotado Nosso Senhor de nossa alma. Mas
como tratamos este Divino Hóspede? É Ele o objeto de todas as atenções, o
centro de nossa vida intelectual, moral e afetiva? É Ele o Rei? Ou,
simplesmente, há para Ele um pequeno espaço onde se O tolera, como
hóspede secundário, desinteressante, algum tanto importuno?
Quando o Divino Mestre gemeu, chorou, suou sangue durante a Paixão, não O
atormentavam apenas as dores físicas, nem sequer os sofrimentos
ocasionados pelo ódio dos que no momento O perseguiam. Atormentava-O
ainda tudo quanto contra Ele e a Igreja faríamos nos séculos vindouros.
Ele chorou pelo ódio de todos os maus, de todos os Arios, Nestórios,
Luteros, mas chorou também porque via diante de si o cortejo
interminável das almas tíbias, das almas indiferentes que, sem O
perseguir, não O amavam como deviam.
É a falange incontável dos que passaram a vida sem ódio e sem amor.
Segundo Dante, estes ficavam de fora do inferno, porque nem no inferno
havia para eles lugar adequado.
Estamos nós neste cortejo?
Eis a grande pergunta a que, com a graça de Deus, devemos dar resposta
nos dias de recolhimento, de piedade e de expiação que a nossa Semana
Santa deve ser.
O avanço da incredulidade
Comecemos pela Fé. Certas verdades referentes a Deus e a nosso destino
eterno, podemos conhecê-las pela simples razão. Outras, conhecemo-las
porque Deus no-las ensinou.
Em sua infinita bondade, Deus se revelou aos homens no Antigo e Novo
Testamento, ensinando-nos não apenas o que nossa razão não poderia
desvendar, mas ainda muitas verdades que poderíamos conhecer
racionalmente, mas que por culpa própria a humanidade já não conhecia de
fato.
A virtude pela qual cremos na Revelação é a Fé. Ninguém pode praticar um
ato de Fé sem o auxílio sobrenatural da graça de Deus. Essa graça, Deus
a dá a todas as criaturas e, em abundância torrencial, aos membros da
Igreja Católica. Esta graça é a condição da salvação deles. Nenhum
chegará à eterna bem-aventurança, se rejeitar a Fé. Pela Fé, o Espírito
Santo habita em nossos corações. Rejeitar a Fé é rejeitar o Espírito
Santo, é expulsar de sua alma a Jesus Cristo.
Vejamos, em torno de nós, quantos católicos rejeitam a Fé. Foram
batizados, mas no curso do tempo perderam a Fé. Perderam-na por culpa
própria, porque ninguém perde a Fé sem culpa, e culpa mortal.
Ei-los que, indiferentes ou hostis, pensam, sentem e vivem como pagãos.
São nossos parentes, nossos próximos, quiçá nossos amigos! Sua desgraça é
imensa. Indelével, está neles o sinal do Batismo. Estão marcados para o
Céu, e caminham para o inferno. Em sua alma redimida, a aspersão do
Sangue de Cristo está marcada. Ninguém a apagará. É, de certo modo, o
próprio Sangue de Cristo que eles profanam, quando nesta alma resgatada
acolhem princípios, máximas, normas contrárias à doutrina da Igreja. O
católico apóstata tem qualquer coisa de análogo ao sacerdote apóstata.
Arrasta consigo os restos de sua grandeza, profana-os, degrada-os e se
degrada com eles. Mas não os perde.
E nós? Importamo-nos com isto? Sofremos com isto? Rezamos para que estas
almas se convertam? Fazemos penitências? Fazemos apostolado? Onde nosso
conselho? Onde nossa argumentação? Onde nossa caridade? Onde nossa
altiva e enérgica defesa das verdades que eles negam ou injuriam?
O Sagrado Coração sangra com isto. Sangra pela apostasia deles, e por
nossa indiferença. Indiferença duplamente censurável, porque é
indiferença para com nosso próximo, e sobretudo indiferença para com
Deus.
Textos de Meditação para a Quaresma
Previsão: forma de coragem
Muitas pessoas não têm coragem de prever e se deixam afundar nos
acontecimentos, que as vão tragando na medida em que se apresentam.
Muitas vezes, a pessoa diz: "Eu não quero prever, porque eu não tenho coragem. Se eu vir, eu fujo".
Nosso Redentor chegou ao ponto de não agüentar o que estava diante dele.
Mas não agüentar, em que termos? Ele pediu que não se realizasse
aquilo, mas se Deus-Pai o desejasse, então se cumprisse sua vontade. E à
medida que foi pensando nos acontecimentos futuros, a agonia foi
tomando conta da sua alma. E o sofrimento foi tal que chegou a suar
sangue!
Segundo a Medicina, quando a pessoa está sujeita a pressões terríveis,
certos vasos capilares se rompem e o sangue perpassa pela pele. É
propriamente um suor misturado com sangue. E no auge da dor, o Redentor
praticou um ato de humildade ao exclamar: "Pai, se for possível, afastai de mim este cálice". Como quem diz: "Vós vedes que Eu estou no ponto de não agüentar... mas faça-se a Vossa vontade!"
Assim, o sofrimento do Homem-Deus foi como uma espécie de turbilhão. E
durante esse período já começaram as dores morais. Porquanto os
Apóstolos, sem levar em consideração a tristeza que O tomava, foram
dormir... E Aquele que era o Rei deles, o Divino Salvador deles, que
sofresse como quisesse, eles não se incomodavam.
Auge do tormento: abandono dos Apóstolos
Duas vezes o Divino Mestre foi pedir socorro a seus Apóstolos. E nas
duas vezes, eles acordaram, olharam... O Messias dirigiu-lhes palavras
tocantes, e não se importaram. E Nosso Senhor sentiu-se abandonado até
por seus íntimos.
Era uma dor medonha! Os mais próximos que Ele ia remir, ia salvar,
aqueles!... O Chefe da Igreja, São Pedro, estava ali deitado, não o
atendeu! São Pedro, a quem Ele disse: "Pedro, tu és pedra, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja"! Como é isso? E São João, o discípulo bem-amado, que durante a última Ceia tinha repousado a cabeça sobre seu peito...
O padecimento então atingiu seu ápice. Começou Ele a sentir, com o abandono dos Apóstolos, algo do tormento da agonia.
A coragem da fidelidade
Será bem exato que, para conservar a Fé, evitamos tudo que a pode pôr em
risco? Evitamos as leituras que a podem ofender? Evitamos as companhias
nas quais ela está exposta a risco? Procuramos os ambientes nos quais a
Fé floresce e cria raízes? Ou, em troca de prazeres mundanos e
passageiros, vivemos em ambientes em que a Fé se estiola e ameça cair em
ruínas?
Todo homem, pelo próprio fato do instinto de sociabilidade, tende a
aceitar as opiniões dos outros. Em geral, hoje em dia, as opiniões
dominantes são anticristãs. Pensa-se contrariamente à Igreja em matéria
de Filosofia, de Sociologia, de História, de Ciências, de arte, de tudo
enfim. Os nossos amigos seguem a corrente. Temos nós a coragem de
divergir? Resguardamos nosso espírito de qualquer infiltração de idéias
erradas? Pensamos com a Igreja em tudo e por tudo? Ou contentamo-nos
negligentemente em ir vivendo, aceitando tudo quanto o espírito do
século nos inculca, e simplesmente porque ele no-lo inculca?
É possível que não tenhamos enxotado Nosso Senhor de nossa alma. Mas
como tratamos este Divino Hóspede? É Ele o objeto de todas as atenções, o
centro de nossa vida intelectual, moral e afetiva? É Ele o Rei? Ou,
simplesmente, há para Ele um pequeno espaço onde se O tolera, como
hóspede secundário, desinteressante, algum tanto importuno?
Quando o Divino Mestre gemeu, chorou, suou sangue durante a Paixão, não O
atormentavam apenas as dores físicas, nem sequer os sofrimentos
ocasionados pelo ódio dos que no momento O perseguiam. Atormentava-O
ainda tudo quanto contra Ele e a Igreja faríamos nos séculos vindouros.
Ele chorou pelo ódio de todos os maus, de todos os Arios, Nestórios,
Luteros, mas chorou também porque via diante de si o cortejo
interminável das almas tíbias, das almas indiferentes que, sem O
perseguir, não O amavam como deviam.
É a falange incontável dos que passaram a vida sem ódio e sem amor.
Segundo Dante, estes ficavam de fora do inferno, porque nem no inferno
havia para eles lugar adequado.
Estamos nós neste cortejo?
Eis a grande pergunta a que, com a graça de Deus, devemos dar resposta
nos dias de recolhimento, de piedade e de expiação que a nossa Semana
Santa deve ser.
O avanço da incredulidade
Comecemos pela Fé. Certas verdades referentes a Deus e a nosso destino
eterno, podemos conhecê-las pela simples razão. Outras, conhecemo-las
porque Deus no-las ensinou.
Em sua infinita bondade, Deus se revelou aos homens no Antigo e Novo
Testamento, ensinando-nos não apenas o que nossa razão não poderia
desvendar, mas ainda muitas verdades que poderíamos conhecer
racionalmente, mas que por culpa própria a humanidade já não conhecia de
fato.
A virtude pela qual cremos na Revelação é a Fé. Ninguém pode praticar um
ato de Fé sem o auxílio sobrenatural da graça de Deus. Essa graça, Deus
a dá a todas as criaturas e, em abundância torrencial, aos membros da
Igreja Católica. Esta graça é a condição da salvação deles. Nenhum
chegará à eterna bem-aventurança, se rejeitar a Fé. Pela Fé, o Espírito
Santo habita em nossos corações. Rejeitar a Fé é rejeitar o Espírito
Santo, é expulsar de sua alma a Jesus Cristo.
Vejamos, em torno de nós, quantos católicos rejeitam a Fé. Foram
batizados, mas no curso do tempo perderam a Fé. Perderam-na por culpa
própria, porque ninguém perde a Fé sem culpa, e culpa mortal.
Ei-los que, indiferentes ou hostis, pensam, sentem e vivem como pagãos.
São nossos parentes, nossos próximos, quiçá nossos amigos! Sua desgraça é
imensa. Indelével, está neles o sinal do Batismo. Estão marcados para o
Céu, e caminham para o inferno. Em sua alma redimida, a aspersão do
Sangue de Cristo está marcada. Ninguém a apagará. É, de certo modo, o
próprio Sangue de Cristo que eles profanam, quando nesta alma resgatada
acolhem princípios, máximas, normas contrárias à doutrina da Igreja. O
católico apóstata tem qualquer coisa de análogo ao sacerdote apóstata.
Arrasta consigo os restos de sua grandeza, profana-os, degrada-os e se
degrada com eles. Mas não os perde.
E nós? Importamo-nos com isto? Sofremos com isto? Rezamos para que estas
almas se convertam? Fazemos penitências? Fazemos apostolado? Onde nosso
conselho? Onde nossa argumentação? Onde nossa caridade? Onde nossa
altiva e enérgica defesa das verdades que eles negam ou injuriam?
O Sagrado Coração sangra com isto. Sangra pela apostasia deles, e por
nossa indiferença. Indiferença duplamente censurável, porque é
indiferença para com nosso próximo, e sobretudo indiferença para com
Deus.
Nenhum comentário:
Postar um comentário