O que uma das maiores especialistas do mundo em formação de professores pode ensinar ao Brasil
Linda Darling-Hammond afirma que um formador vale por mil reformadores e aponta caminhos para a construção desses formadores...
A
professora norte-americana Linda Darling-Hammond afirma que o grande
indicador do sucesso de um aluno é a habilidade de aprender coisas novas
e melhorar seu repertório à medida que desenvolve capacidades para
criar, colaborar e solucionar problemas. “As sociedades estão mudando
muito rapidamente”, disse em sua palestra no evento Ciclo de Debates: A
Formação dos Professores no Contexto da BNCC, em São Paulo, iniciativa do Instituto Ayrton Senna e Fundação Itaú Social.
“Os alunos estão trabalhando na resolução de problemas que são novos
para nós. Eles estão aprendendo coisas que nós ainda estamos
inventando”, disse. Para ela, os professores que estão lidando com essa
geração devem estar dispostos a aprender - e muito. "Prestem atenção
nesses verbos: explorar, pesquisar, analisar, avaliar, aprender, criar,
formular, expressar. Temos as diretrizes do que os nossos jovens têm que
aprender".
Em
sua primeira visita ao Brasil, a professora emérita da Universidade de
Stanford, na Califórnia, reforçou a necessidade de grandes investimentos
na preparação de professores para que eles sejam capazes de lidar com
as demandas trazidas por essa sociedade em evolução. Logo nos primeiros
minutos de sua palestra, Linda afirmou que quaisquer que sejam os
padrões de ensino, eles não são os responsáveis pelo ensino em si. “Nós
amamos as palavras, mas são os professores e diretores de escola que dão
vida a elas”, disse. “Nenhuma sociedade pode sobreviver ou ser
bem-sucedida sem uma boa Educação”.
A
educadora norte-americana entende que, da mesma maneira que acontece na
Medicina, os professores precisam experimentar um processo de
aprendizado contínuo em sua formação. “A educação dos professores
precisa mudar”, afirmou. Para ela, é importante trabalhar com
referências de estruturas de aprendizado mais profundas nas escolas,
para que os professores (principalmente os iniciantes) possam
experimentar antes de adotar as estratégias que usarão nas práticas de
ensino. “Professores não podem aprender como se ensina a ler, eles
precisam experimentar aquela pedagogia”, disse.
Linda
Darling-Hammond pesquisou programas de formação na Austrália,
Singapura, China, Canadá, Finlândia, além de várias regiões dos Estados
Unidos. Os governos finlandês e singapuriano bancam a formação de
professores em qualquer parte do país e oferecem salários competitivos
em relação a outras profissões. “Não é suficiente preparar os
professores de maneira mais compreensiva, é preciso um sistema com
salários mais adequados para termos uma força estável de professores
tratados com respeito”, afirmou.
A
pesquisadora compreende que é preciso ter recursos para criar um
esquema de colaboração e planejamento que permita aos professores
trabalhar dentro de novas perspectivas. Ela apontou pontos em comum em
países de culturas e sistemas educacionais variados e indicou
oportunidades quando se parte da visão do ensino centrado no aluno,
guiando um conjunto coerente de cursos e trabalhos clínicos e
oportunidades de aprendizado para os professores. Partindo de ambiente
interativos, do investimento em pesquisas e criação de comunidades de
aprendizagem em sala de aula para apoiar a aprendizagem socioemocional e
acadêmica. Tudo isso deve estar apoiado em um currículo focado na
aprendizagem e no desenvolvimento das crianças em diversos contextos
sociais. “O processo de memorização, em lugar da compreensão, é inútil
hoje”, disse.
Um formador vale por mil reformadoresLinda
defende que emoções e o aprendizado estão diretamente relacionados. Se
um aluno incorre em emoções negativas, como ansiedade, falta de
confiança, isso irá afetar a maneira como ele aprende. Da mesma forma,
um aluno com emoções positivas, que se sinta estimulado pelo professor,
vai gostar mais do processo de aprendizado. Ela citou as diretrizes
curriculares das Nações Unidas: “A educação deve se tornar um caminho
que conduz a um desenvolvimento mais harmonioso e autêntico”. E
completou: “Eu amo essa parte, harmonioso e autêntico”.
A
educadora afirma que no mundo em que vivemos, não é mais suficiente
para um professor conhecer o conteúdo, mas sim entender como cada aluno
aprende aquele conteúdo. Diante da adoção do Common Core, nos Estados
Unidos, e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Brasil, ela diz
que o professor deve juntar o conhecimento dos alunos com os objetivos
do currículo. “Não há duas crianças que sejam iguais, mas os objetivos
do currículo o são, então formadores precisam se tornar mais
‘personalizados’ para ajudar professores que vêm de diferentes níveis
econômicos e sociais”. Em resumo “Trazer o currículo até a criança e
levar a criança até o currículo”.
Se a formação de professores é uma parte essencial do eixo de
transformação da Educação, Linda acredita que o papel do formador de
professores é ainda mais precioso. Ela elencou alguns pontos para
garantir o sucesso da empreitada:
- Invista na formação de professores e líderes
- Arranje tempo para que todos possam participar
- Um formador vale por mil reformadores
- Arranje tempo para que todos possam participar
- Um formador vale por mil reformadores
Antes de se despedir de uma plateia que contava com secretários de
Educação e formadores, ela afirmou: “Mais do que desejar boa sorte a
vocês, eu desejo uma profunda compreensão. E que a Força esteja com
vocês”.
Artigo escrito por: Soraia Yoshida
O que uma das maiores especialistas do mundo em formação de professores pode ensinar ao Brasil
Linda Darling-Hammond afirma que um formador vale por mil reformadores e aponta caminhos para a construção desses formadores...
A
professora norte-americana Linda Darling-Hammond afirma que o grande
indicador do sucesso de um aluno é a habilidade de aprender coisas novas
e melhorar seu repertório à medida que desenvolve capacidades para
criar, colaborar e solucionar problemas. “As sociedades estão mudando
muito rapidamente”, disse em sua palestra no evento Ciclo de Debates: A
Formação dos Professores no Contexto da BNCC, em São Paulo, iniciativa do Instituto Ayrton Senna e Fundação Itaú Social.
“Os alunos estão trabalhando na resolução de problemas que são novos
para nós. Eles estão aprendendo coisas que nós ainda estamos
inventando”, disse. Para ela, os professores que estão lidando com essa
geração devem estar dispostos a aprender - e muito. "Prestem atenção
nesses verbos: explorar, pesquisar, analisar, avaliar, aprender, criar,
formular, expressar. Temos as diretrizes do que os nossos jovens têm que
aprender".
Em
sua primeira visita ao Brasil, a professora emérita da Universidade de
Stanford, na Califórnia, reforçou a necessidade de grandes investimentos
na preparação de professores para que eles sejam capazes de lidar com
as demandas trazidas por essa sociedade em evolução. Logo nos primeiros
minutos de sua palestra, Linda afirmou que quaisquer que sejam os
padrões de ensino, eles não são os responsáveis pelo ensino em si. “Nós
amamos as palavras, mas são os professores e diretores de escola que dão
vida a elas”, disse. “Nenhuma sociedade pode sobreviver ou ser
bem-sucedida sem uma boa Educação”.
A
educadora norte-americana entende que, da mesma maneira que acontece na
Medicina, os professores precisam experimentar um processo de
aprendizado contínuo em sua formação. “A educação dos professores
precisa mudar”, afirmou. Para ela, é importante trabalhar com
referências de estruturas de aprendizado mais profundas nas escolas,
para que os professores (principalmente os iniciantes) possam
experimentar antes de adotar as estratégias que usarão nas práticas de
ensino. “Professores não podem aprender como se ensina a ler, eles
precisam experimentar aquela pedagogia”, disse.
Linda
Darling-Hammond pesquisou programas de formação na Austrália,
Singapura, China, Canadá, Finlândia, além de várias regiões dos Estados
Unidos. Os governos finlandês e singapuriano bancam a formação de
professores em qualquer parte do país e oferecem salários competitivos
em relação a outras profissões. “Não é suficiente preparar os
professores de maneira mais compreensiva, é preciso um sistema com
salários mais adequados para termos uma força estável de professores
tratados com respeito”, afirmou.
A
pesquisadora compreende que é preciso ter recursos para criar um
esquema de colaboração e planejamento que permita aos professores
trabalhar dentro de novas perspectivas. Ela apontou pontos em comum em
países de culturas e sistemas educacionais variados e indicou
oportunidades quando se parte da visão do ensino centrado no aluno,
guiando um conjunto coerente de cursos e trabalhos clínicos e
oportunidades de aprendizado para os professores. Partindo de ambiente
interativos, do investimento em pesquisas e criação de comunidades de
aprendizagem em sala de aula para apoiar a aprendizagem socioemocional e
acadêmica. Tudo isso deve estar apoiado em um currículo focado na
aprendizagem e no desenvolvimento das crianças em diversos contextos
sociais. “O processo de memorização, em lugar da compreensão, é inútil
hoje”, disse.
Um formador vale por mil reformadoresLinda
defende que emoções e o aprendizado estão diretamente relacionados. Se
um aluno incorre em emoções negativas, como ansiedade, falta de
confiança, isso irá afetar a maneira como ele aprende. Da mesma forma,
um aluno com emoções positivas, que se sinta estimulado pelo professor,
vai gostar mais do processo de aprendizado. Ela citou as diretrizes
curriculares das Nações Unidas: “A educação deve se tornar um caminho
que conduz a um desenvolvimento mais harmonioso e autêntico”. E
completou: “Eu amo essa parte, harmonioso e autêntico”.
A
educadora afirma que no mundo em que vivemos, não é mais suficiente
para um professor conhecer o conteúdo, mas sim entender como cada aluno
aprende aquele conteúdo. Diante da adoção do Common Core, nos Estados
Unidos, e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no Brasil, ela diz
que o professor deve juntar o conhecimento dos alunos com os objetivos
do currículo. “Não há duas crianças que sejam iguais, mas os objetivos
do currículo o são, então formadores precisam se tornar mais
‘personalizados’ para ajudar professores que vêm de diferentes níveis
econômicos e sociais”. Em resumo “Trazer o currículo até a criança e
levar a criança até o currículo”.
Se a formação de professores é uma parte essencial do eixo de
transformação da Educação, Linda acredita que o papel do formador de
professores é ainda mais precioso. Ela elencou alguns pontos para
garantir o sucesso da empreitada:
- Invista na formação de professores e líderes
- Arranje tempo para que todos possam participar
- Um formador vale por mil reformadores
- Arranje tempo para que todos possam participar
- Um formador vale por mil reformadores
Antes de se despedir de uma plateia que contava com secretários de
Educação e formadores, ela afirmou: “Mais do que desejar boa sorte a
vocês, eu desejo uma profunda compreensão. E que a Força esteja com
vocês”.
Artigo escrito por: Soraia Yoshida
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