Crianças com autismo podem desenvolver talentos específicos
Uma das maiores preocupações das famílias que estão no universo particular do autismo é com o futuro dessas crianças. Elas devem ir para escolas regulares ou especiais? E, quando crescerem, vão ter condições de conseguir um emprego?
O autismo afeta quase todos os aspectos do comportamento: a fala, os
movimentos do corpo, o interesse por amizades, a vida social, as
emoções. O mundo autista é muito variado. Vai dos que nem falam, até
aqueles com habilidades incríveis. Como educar crianças com necessidades
tão diferentes? Colocá-las em escolas comuns ou especiais?
Como incluir no mercado de trabalho pessoas com tanta dificuldade para compreender as intenções dos outros?
Como incluir no mercado de trabalho pessoas com tanta dificuldade para compreender as intenções dos outros?
O autismo deve ser diagnosticado precocemente para que a criança possa
ter acesso a profissionais especializados. É nessa fase inicial que o
tratamento tem os melhores resultados.
EDUCAÇÃO
Crianças com autismo podem desenvolver talentos específicos em
determinadas áreas do conhecimento. Desde que essas habilidades sejam
identificadas e estimuladas de forma inteligente. Esse passo inicial
muitas vezes depende da escola.
“Se ele puder, deve ficar numa escola regular até o momento em que ele
começa a sentir que ele não é igual aos outros, que ele está sempre
atrás demais e que isso comece a trazer problemas para ele. Mas eu não
vejo por que um autista com deficiência intelectual severa estar dentro
de uma classe regular. Ele está perdendo tempo. Ele não está se
socializando”, avalia o doutor Salomão Schwartzman.
O Lucas sentiu na pele esse problema. Até a quinta série, frequentou uma
escola convencional. “Eu não lembro o que, mas não me sentia bem com
aquela gente. Não pareciam ser, como diziam, amigos de verdade. Como se
rissem atrás de mim, sobre minhas costas e nunca tinha notado”, lembra o
jovem.
Crianças com autismo são alvo fácil para as maldades típicas da
infância. Agora, Lucas está matriculado na AMA, a Associação de Amigos
do Autista, e também estuda em casa, com a ajuda da mãe.
Em Curitiba, os pais de Thomas e Nicholas encontraram uma fórmula intermediária para a educação dos filhos.
Thomas, que tem um tipo mais leve de autismo, estuda em uma escola
particular de alto padrão. Aos 15 anos, Thomas tem um talento especial
para matemática avançada e ciência da computação.
Nicholas, que tem uma forma mais grave de autismo, frequenta a mesma
escola do irmão em meio período, e complementa a educação em uma clínica
especializada em terapia comportamental, onde conta com a ajuda de
profissionais de diversas áreas.
Uma das escolas mais preparadas para tratar e educar pessoas com autismo fica em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
É uma escola pública totalmente adaptada para os 250 alunos, entre 3 e
21 anos. Lá, os alunos aprendem profissões que possam desempenhar mesmo
com as limitações que apresentam.
Numa área que imita uma rua de comércio, eles entendem como se organiza a
correspondência de um escritório, por exemplo, ou como se trabalha em
um banco ou supermercado.
No Brasil, o acesso a essa qualidade de ensino depende do poder aquisitivo das famílias.
Quem tem condições encontra boas escolas particulares como uma em São Paulo, onde 80 alunos com o transtorno convivem em harmonia com as demais crianças. Para conseguir emprego para os alunos, a escola fez uma parceria com um grande banco.
Quem tem condições encontra boas escolas particulares como uma em São Paulo, onde 80 alunos com o transtorno convivem em harmonia com as demais crianças. Para conseguir emprego para os alunos, a escola fez uma parceria com um grande banco.
Desde dezembro de 2012, o autismo é considerado, por lei, um tipo de
deficiência mental. As pessoas que apresentam esse transtorno têm
direito a benefícios na rede pública de saúde e de ensino. A aprovação
da lei só foi possível graças à dedicação de muitos pais, em especial
Berenice Piana, mãe de um rapaz com autismo.
“A lei é, na verdade, a Carta Magna dos direitos das pessoas com autismo
no Brasil. O ponto principal dela é: reconhece a pessoa com autismo
como pessoa com deficiência. Segundo: o direito ao diagnóstico precoce.
O tratamento multidisciplinar são vários profissionais para tratar uma
pessoa com autismo. O direito à matrícula na rede regular de ensino. É
proibido negar a matrícula a uma pessoa com autismo, sob pena de multa”,
ela explica.
Mas, na realidade, ainda há um longo caminho a percorrer. Muitos pais
não conseguem atendimento para seus filhos. Foi o que aconteceu com o
Matheus. Ele é deficiente visual e tem autismo. A mãe dele, Eliane,
ganhou na Justiça o direito de o filho receber aulas em casa com um
professor da rede pública. Mas os livros didáticos oferecidos não estão
em Braille, o sistema de leitura para cegos.
Em uma escola municipal, em São Paulo, Yasmin, de 7 anos, recebe a
orientação de profissionais em uma sala multifuncional, adaptada para a
realização de atividades específicas. Além disso, crianças com autismo
devem ser acompanhadas por estudantes de pedagogia durante as aulas.
Mas não há ainda, na rede pública do município, estagiários suficientes.
A prefeitura de São Paulo diz que está contratando mais estagiários.
MERCADO DE TRABALHO
A inclusão no mercado de trabalho é difícil, mas existe. É o caso de
Alberto. Ele tem 21 anos e foi diagnosticado com autismo aos 3. Desde
pequeno, ele estuda e consegue fazer a maioria das atividades diárias
por conta própria.
Como mostrado no último episódio, com treinamento adequado, algumas
pessoas com autismo atingem um grau razoável de independência - o
suficiente, por exemplo, para andar pela cidade e usar o transporte
coletivo.
Alberto é balconista em uma farmácia em São Paulo. Mas atingir esse
nível de autonomia, infelizmente, não é regra entre as pessoas com
autismo.
Pelo poder de concentração em uma atividade e à atenção aos detalhes, pessoas com autismo podem ser profissionais imbatíveis.
Numa empresa fundada na Dinamarca, hoje presente em oito países, a
maioria dos empregados está dentro do espectro do autismo. Ela vende
serviços de programação de computadores e processamento de dados. a
tecnologia é um campo excelente para o desenvolvimento das capacidades
dos autistas.
O gerente da empresa se orgulha da política de inclusão. Esse é o começo
de carreiras brilhantes para essas pessoas. Com suas capacidades
desenvolvidas, esses profissionais vão para trabalhos cada vez mais
complexos, e se tornam independentes.
Quando os pais não estiverem mais presentes, eles poderão ter vidas produtivas e se sentir realizadas.
Quando os pais não estiverem mais presentes, eles poderão ter vidas produtivas e se sentir realizadas.
FUTURO
O autismo desorganiza a comunicação e as funções sociais. As
manifestações iniciais podem ser notadas já nos primeiros meses de vida e
é fundamental reconhecê-las o mais cedo possível, em uma fase em que o
cérebro tem grande plasticidade para formar novas conexões, em resposta
aos estímulos educativos.
Para compreender e educar uma criança com autismo, é preciso esforço,
dedicação e sabedoria para penetrar em seu universo, e fazer com que o
nosso lhe pareça mais acessível e menos absurdo.
Crianças com autismo podem desenvolver talentos específicos
Uma das maiores preocupações das famílias que estão no universo particular do autismo é com o futuro dessas crianças. Elas devem ir para escolas regulares ou especiais? E, quando crescerem, vão ter condições de conseguir um emprego?
O autismo afeta quase todos os aspectos do comportamento: a fala, os
movimentos do corpo, o interesse por amizades, a vida social, as
emoções. O mundo autista é muito variado. Vai dos que nem falam, até
aqueles com habilidades incríveis. Como educar crianças com necessidades
tão diferentes? Colocá-las em escolas comuns ou especiais?
Como incluir no mercado de trabalho pessoas com tanta dificuldade para compreender as intenções dos outros?
Como incluir no mercado de trabalho pessoas com tanta dificuldade para compreender as intenções dos outros?
O autismo deve ser diagnosticado precocemente para que a criança possa
ter acesso a profissionais especializados. É nessa fase inicial que o
tratamento tem os melhores resultados.
EDUCAÇÃO
Crianças com autismo podem desenvolver talentos específicos em
determinadas áreas do conhecimento. Desde que essas habilidades sejam
identificadas e estimuladas de forma inteligente. Esse passo inicial
muitas vezes depende da escola.
“Se ele puder, deve ficar numa escola regular até o momento em que ele
começa a sentir que ele não é igual aos outros, que ele está sempre
atrás demais e que isso comece a trazer problemas para ele. Mas eu não
vejo por que um autista com deficiência intelectual severa estar dentro
de uma classe regular. Ele está perdendo tempo. Ele não está se
socializando”, avalia o doutor Salomão Schwartzman.
O Lucas sentiu na pele esse problema. Até a quinta série, frequentou uma
escola convencional. “Eu não lembro o que, mas não me sentia bem com
aquela gente. Não pareciam ser, como diziam, amigos de verdade. Como se
rissem atrás de mim, sobre minhas costas e nunca tinha notado”, lembra o
jovem.
Crianças com autismo são alvo fácil para as maldades típicas da
infância. Agora, Lucas está matriculado na AMA, a Associação de Amigos
do Autista, e também estuda em casa, com a ajuda da mãe.
Em Curitiba, os pais de Thomas e Nicholas encontraram uma fórmula intermediária para a educação dos filhos.
Thomas, que tem um tipo mais leve de autismo, estuda em uma escola
particular de alto padrão. Aos 15 anos, Thomas tem um talento especial
para matemática avançada e ciência da computação.
Nicholas, que tem uma forma mais grave de autismo, frequenta a mesma
escola do irmão em meio período, e complementa a educação em uma clínica
especializada em terapia comportamental, onde conta com a ajuda de
profissionais de diversas áreas.
Uma das escolas mais preparadas para tratar e educar pessoas com autismo fica em Nova Jersey, nos Estados Unidos.
É uma escola pública totalmente adaptada para os 250 alunos, entre 3 e
21 anos. Lá, os alunos aprendem profissões que possam desempenhar mesmo
com as limitações que apresentam.
Numa área que imita uma rua de comércio, eles entendem como se organiza a
correspondência de um escritório, por exemplo, ou como se trabalha em
um banco ou supermercado.
No Brasil, o acesso a essa qualidade de ensino depende do poder aquisitivo das famílias.
Quem tem condições encontra boas escolas particulares como uma em São Paulo, onde 80 alunos com o transtorno convivem em harmonia com as demais crianças. Para conseguir emprego para os alunos, a escola fez uma parceria com um grande banco.
Quem tem condições encontra boas escolas particulares como uma em São Paulo, onde 80 alunos com o transtorno convivem em harmonia com as demais crianças. Para conseguir emprego para os alunos, a escola fez uma parceria com um grande banco.
Desde dezembro de 2012, o autismo é considerado, por lei, um tipo de
deficiência mental. As pessoas que apresentam esse transtorno têm
direito a benefícios na rede pública de saúde e de ensino. A aprovação
da lei só foi possível graças à dedicação de muitos pais, em especial
Berenice Piana, mãe de um rapaz com autismo.
“A lei é, na verdade, a Carta Magna dos direitos das pessoas com autismo
no Brasil. O ponto principal dela é: reconhece a pessoa com autismo
como pessoa com deficiência. Segundo: o direito ao diagnóstico precoce.
O tratamento multidisciplinar são vários profissionais para tratar uma
pessoa com autismo. O direito à matrícula na rede regular de ensino. É
proibido negar a matrícula a uma pessoa com autismo, sob pena de multa”,
ela explica.
Mas, na realidade, ainda há um longo caminho a percorrer. Muitos pais
não conseguem atendimento para seus filhos. Foi o que aconteceu com o
Matheus. Ele é deficiente visual e tem autismo. A mãe dele, Eliane,
ganhou na Justiça o direito de o filho receber aulas em casa com um
professor da rede pública. Mas os livros didáticos oferecidos não estão
em Braille, o sistema de leitura para cegos.
Em uma escola municipal, em São Paulo, Yasmin, de 7 anos, recebe a
orientação de profissionais em uma sala multifuncional, adaptada para a
realização de atividades específicas. Além disso, crianças com autismo
devem ser acompanhadas por estudantes de pedagogia durante as aulas.
Mas não há ainda, na rede pública do município, estagiários suficientes.
A prefeitura de São Paulo diz que está contratando mais estagiários.
MERCADO DE TRABALHO
A inclusão no mercado de trabalho é difícil, mas existe. É o caso de
Alberto. Ele tem 21 anos e foi diagnosticado com autismo aos 3. Desde
pequeno, ele estuda e consegue fazer a maioria das atividades diárias
por conta própria.
Como mostrado no último episódio, com treinamento adequado, algumas
pessoas com autismo atingem um grau razoável de independência - o
suficiente, por exemplo, para andar pela cidade e usar o transporte
coletivo.
Alberto é balconista em uma farmácia em São Paulo. Mas atingir esse
nível de autonomia, infelizmente, não é regra entre as pessoas com
autismo.
Pelo poder de concentração em uma atividade e à atenção aos detalhes, pessoas com autismo podem ser profissionais imbatíveis.
Numa empresa fundada na Dinamarca, hoje presente em oito países, a
maioria dos empregados está dentro do espectro do autismo. Ela vende
serviços de programação de computadores e processamento de dados. a
tecnologia é um campo excelente para o desenvolvimento das capacidades
dos autistas.
O gerente da empresa se orgulha da política de inclusão. Esse é o começo
de carreiras brilhantes para essas pessoas. Com suas capacidades
desenvolvidas, esses profissionais vão para trabalhos cada vez mais
complexos, e se tornam independentes.
Quando os pais não estiverem mais presentes, eles poderão ter vidas produtivas e se sentir realizadas.
Quando os pais não estiverem mais presentes, eles poderão ter vidas produtivas e se sentir realizadas.
FUTURO
O autismo desorganiza a comunicação e as funções sociais. As
manifestações iniciais podem ser notadas já nos primeiros meses de vida e
é fundamental reconhecê-las o mais cedo possível, em uma fase em que o
cérebro tem grande plasticidade para formar novas conexões, em resposta
aos estímulos educativos.
Para compreender e educar uma criança com autismo, é preciso esforço,
dedicação e sabedoria para penetrar em seu universo, e fazer com que o
nosso lhe pareça mais acessível e menos absurdo.
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