Acontece em tantas cidades e com tanta gente: basta o tempo fechar para
as pessoas ficarem preocupadas, com medo. Medo da chuva e de suas
consequências. Os pontos de alagamento são conhecidos, e os perigos são
muitos.
A coluna de ciência e tecnologia do Bom Dia traz nesta segunda-feira (8)
uma descoberta que pode diminuir o impacto de uma enchente. A coluna
"Você não sabia, mas já existe" acompanhou durante meses a fase de
testes de um produto que foi desenvolvido pela Universidade de São
Paulo: um asfalto que absorve a água.
Do ponto de vista de um motorista, não tem nada melhor do que uma rua
bem asfaltada, onde se roda macio, como em um tapete. Na cidade, é que
percebemos o problema. O tal "tapete" não deixa a água penetrar no solo.
Começa formando poças que acabam nos engolindo em alagamentos.
Mas, então, o que fazer em uma cidade grande? O trânsito cada vez mais
pesado nos leva a regiões cada vez mais asfaltadas. E o que era margem
de rio e absorvia água das chuvas se transforma em pista de rolamento.
Por isso, fomos conhecer a pesquisa de um professor José Rodolpho
Martins, do Departamento de Hidráulica da Universidade de São Paulo. Ele
estuda a água e os mecanismos de uma enchente. Depois de muita
pesquisa, viu que a solução poderia estar exatamente no vilão. O asfalto
seria um aliado para evitar o alagamento.
“A nossa ideia era poder absorver a água da chuva no revestimento da pavimentação que se usa nas ruas, nos loteamentos, condomínios e estacionamentos. Absorver rapidamente essa água e permitir que ela pudesse ser armazenada na parte inferior do pavimento”, afirma o professor.
“A nossa ideia era poder absorver a água da chuva no revestimento da pavimentação que se usa nas ruas, nos loteamentos, condomínios e estacionamentos. Absorver rapidamente essa água e permitir que ela pudesse ser armazenada na parte inferior do pavimento”, afirma o professor.
Seja em uma estrada movimentada ou rua tranqüila, basicamente, a
pavimentação é feita da mesma forma. Começando por cima, vem a pista:
uma camada de cerca de cinco centímetros, composta de pequenas pedras,
unidas pelo asfalto. Precisa ser bastante resistente, para que o
trânsito passe, sem soltar qualquer pedaço.
Logo abaixo, está a base, uma camada mais espessa de brita - rochas
maiores. Essa base possui muitos espaços vazios, que poderiam funcionar
como um reservatório. Mas aí vem o problema: como a superfície poderia
deixar a água passar, sem se tornar um piso frágil, quebradiço, frente a
um trânsito pesado.
Entrou em cena o Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da própria
USP, ligado à engenharia de transporte. No local, unindo pedras, cal e
asfalto, que serve de liga na mistura, foram produzidos diferentes
pisos.
Todas as misturas asfálticas passaram por testes. Assim nasceu a Camada
Porosa de Asfalto (CPA). O asfalto absorvente é feito com pedras
maiores, para que haja vazios entre elas. O projeto prevê até 25% de
espaço para a água infiltrar.
Lado a lado com uma amostra de asfalto comum, a diferença é visível. O
convencional é mais compacto, praticamente não há espaço entre as
pedras. Rosângela Motta explica a diferença entre os dois.
A coluna “Você não sabia, mas já existe” é antes de tudo desconfiada.
Por isso, nós trouxemos até a USP um caminhão pipa. Com o auxílio de uma
mangueira, nós vamos ver se realmente o piso é ou não absorvente, é ou
não capaz de receber todo esse volume d’água. É como se fosse uma chuva
de fim de tarde.
Rapidamente, as pequenas poças de água que havia desaparecem. É
interessante que fica só a impressão de que realmente está molhada a
pista. Ela fica úmida. “O asfalto está úmido, mas a água não empossou e
já sumiu”, declara o pesquisador.
O volume d'água que nós jogamos foi de aproximadamente três mil litros
d'água em cerca de 10 minutos. “Ela vai levar cerca de duas horas ou até
três horas para começar a sair aqui. E depois, ela vai para o nosso
sistema de drenagem. Mas só para sair da base do pavimento vai levar
duas horas ou mais”, diz o pesquisador.
Para o professor, aos poucos, em cada obra de recapeamento que fosse
feita nas grandes cidades, poderia ir se trocando o asfalto velho pelo
impermeável. Assim, em alguns anos, teríamos uma ferramenta a mais para
combater o inimigo que tem hora certa para chegar.
A verdade é que a cada ponto de alagamento em uma cidade tem que
encontrar a sua solução para o problema da enchente. Uma informação
importante que o professor nos passou: esse asfalto novo pode receber
mais água do que um terreno água. Nós temos que lembrar que o terreno
natural encharca quando muito molhado, e o piso tem muito espaço entre
as pedras para armazenar água. Por isso, consegue absorver muita água.
Mas esse asfalto especial é mais caro, cerca de 25% a mais. Dizem que
ele pode baratear, à medida que as pessoas vão comprando. É claro que é
uma dificuldade para uma cidade trocar todo o asfalto, mas, se pensarmos
nas ruas internas de um condomínio, em um estacionamento de shopping
center, normalmente áreas enormes, asfaltadas, isso poderia ajudar a
reduzir os efeitos de uma enchente.
Acontece em tantas cidades e com tanta gente: basta o tempo fechar para
as pessoas ficarem preocupadas, com medo. Medo da chuva e de suas
consequências. Os pontos de alagamento são conhecidos, e os perigos são
muitos.
A coluna de ciência e tecnologia do Bom Dia traz nesta segunda-feira (8)
uma descoberta que pode diminuir o impacto de uma enchente. A coluna
"Você não sabia, mas já existe" acompanhou durante meses a fase de
testes de um produto que foi desenvolvido pela Universidade de São
Paulo: um asfalto que absorve a água.
Do ponto de vista de um motorista, não tem nada melhor do que uma rua
bem asfaltada, onde se roda macio, como em um tapete. Na cidade, é que
percebemos o problema. O tal "tapete" não deixa a água penetrar no solo.
Começa formando poças que acabam nos engolindo em alagamentos.
Mas, então, o que fazer em uma cidade grande? O trânsito cada vez mais
pesado nos leva a regiões cada vez mais asfaltadas. E o que era margem
de rio e absorvia água das chuvas se transforma em pista de rolamento.
Por isso, fomos conhecer a pesquisa de um professor José Rodolpho
Martins, do Departamento de Hidráulica da Universidade de São Paulo. Ele
estuda a água e os mecanismos de uma enchente. Depois de muita
pesquisa, viu que a solução poderia estar exatamente no vilão. O asfalto
seria um aliado para evitar o alagamento.
“A nossa ideia era poder absorver a água da chuva no revestimento da pavimentação que se usa nas ruas, nos loteamentos, condomínios e estacionamentos. Absorver rapidamente essa água e permitir que ela pudesse ser armazenada na parte inferior do pavimento”, afirma o professor.
“A nossa ideia era poder absorver a água da chuva no revestimento da pavimentação que se usa nas ruas, nos loteamentos, condomínios e estacionamentos. Absorver rapidamente essa água e permitir que ela pudesse ser armazenada na parte inferior do pavimento”, afirma o professor.
Seja em uma estrada movimentada ou rua tranqüila, basicamente, a
pavimentação é feita da mesma forma. Começando por cima, vem a pista:
uma camada de cerca de cinco centímetros, composta de pequenas pedras,
unidas pelo asfalto. Precisa ser bastante resistente, para que o
trânsito passe, sem soltar qualquer pedaço.
Logo abaixo, está a base, uma camada mais espessa de brita - rochas
maiores. Essa base possui muitos espaços vazios, que poderiam funcionar
como um reservatório. Mas aí vem o problema: como a superfície poderia
deixar a água passar, sem se tornar um piso frágil, quebradiço, frente a
um trânsito pesado.
Entrou em cena o Laboratório de Tecnologia de Pavimentação da própria
USP, ligado à engenharia de transporte. No local, unindo pedras, cal e
asfalto, que serve de liga na mistura, foram produzidos diferentes
pisos.
Todas as misturas asfálticas passaram por testes. Assim nasceu a Camada
Porosa de Asfalto (CPA). O asfalto absorvente é feito com pedras
maiores, para que haja vazios entre elas. O projeto prevê até 25% de
espaço para a água infiltrar.
Lado a lado com uma amostra de asfalto comum, a diferença é visível. O
convencional é mais compacto, praticamente não há espaço entre as
pedras. Rosângela Motta explica a diferença entre os dois.
A coluna “Você não sabia, mas já existe” é antes de tudo desconfiada.
Por isso, nós trouxemos até a USP um caminhão pipa. Com o auxílio de uma
mangueira, nós vamos ver se realmente o piso é ou não absorvente, é ou
não capaz de receber todo esse volume d’água. É como se fosse uma chuva
de fim de tarde.
Rapidamente, as pequenas poças de água que havia desaparecem. É
interessante que fica só a impressão de que realmente está molhada a
pista. Ela fica úmida. “O asfalto está úmido, mas a água não empossou e
já sumiu”, declara o pesquisador.
O volume d'água que nós jogamos foi de aproximadamente três mil litros
d'água em cerca de 10 minutos. “Ela vai levar cerca de duas horas ou até
três horas para começar a sair aqui. E depois, ela vai para o nosso
sistema de drenagem. Mas só para sair da base do pavimento vai levar
duas horas ou mais”, diz o pesquisador.
Para o professor, aos poucos, em cada obra de recapeamento que fosse
feita nas grandes cidades, poderia ir se trocando o asfalto velho pelo
impermeável. Assim, em alguns anos, teríamos uma ferramenta a mais para
combater o inimigo que tem hora certa para chegar.
A verdade é que a cada ponto de alagamento em uma cidade tem que
encontrar a sua solução para o problema da enchente. Uma informação
importante que o professor nos passou: esse asfalto novo pode receber
mais água do que um terreno água. Nós temos que lembrar que o terreno
natural encharca quando muito molhado, e o piso tem muito espaço entre
as pedras para armazenar água. Por isso, consegue absorver muita água.
Mas esse asfalto especial é mais caro, cerca de 25% a mais. Dizem que
ele pode baratear, à medida que as pessoas vão comprando. É claro que é
uma dificuldade para uma cidade trocar todo o asfalto, mas, se pensarmos
nas ruas internas de um condomínio, em um estacionamento de shopping
center, normalmente áreas enormes, asfaltadas, isso poderia ajudar a
reduzir os efeitos de uma enchente.
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